Les gens des baraques, Robert Bozzi
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21-23 de Maio de 2026, NOVA FCSH, Colégio Almada Negreiros (LISBOA)

CONVITE À APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS até 15 de Janeiro de 2026

O projecto EXIMUS – “‘É preciso avisar toda a gente’: Música e exílio em França durante o regime do Estado Novo (1933-1974)”, financiado pela FCT (DOI 2022.05129.PTDC), convida à submissão de propostas de comunicações para o Congresso Internacional “Música e Exílio”, que terá lugar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (Colégio Almada Negreiros), entre os dias 21 e 23 de Maio de 2026.

O impacto na criação e produção musical das experiências de exílio e de deslocamento forçado de indivíduos e populações, seja em contextos de repressão política ou de conflitos armados, tem merecido uma atenção crescente por parte da musicologia, da etnomusicologia e da história cultural. Existe já uma ampla literatura sobre o estatuto liminar da figura “nostálgica e sentimental” do exilado (Said, 1993), assim como da “condição de duplicidade” inerente à experiência do exílio e as suas consequências na criação musical (Goerh, 1999), nomeadamente no âmbito da “migração musical” da Europa Central para os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial (Barilier, 2018). Nesse contexto, têm ganho particular relevância os estudos sobre as narrativas produzidas acerca do exílio musical, nomeadamente as que identificam processos de “transplante” ou de “aculturação” – exemplificadas pelas experiências contrastantes de Arnold Schoenberg e Kurt Weill nos EUA, o primeiro marcado pelo isolamento artístico e o segundo como exemplo de adaptação bem-sucedida –, assim como as complexas negociações estéticas, políticas e biográficas evolvidas nas “narrativas de regresso” (Moreda, 2016).

Organizado no momento em que se assinalará o centenário do golpe de estado de 28 de Maio de 1926, que deu início à Ditadura Militar em Portugal e ao mais longo regime autoritário na Europa, este congresso internacional tem como principal objetivo contribuir para o mapeamento da actual investigação sobre o tema, em diferentes cronologias e geografias, e propor um olhar multidisciplinar de forma a salientar a diversidade das experiências dos músicos exilados, emigrados ou refugiados, à escala internacional. 

A comissão científica incentiva a submissão de propostas em torno de um largo espectro de temas de investigação:

  • Especificidades da actividade musical em contextos de exílio;
  • Música, resistência e actividade político-partidária;
  • Música, liberdade de expressão e repressão política no exílio;
  • Internacionalismo, anticolonialismo, antirracismo e movimentos de libertação no exílio;
  • Movimentos feministas e a questão da representatividade de género na produção musical em contexto de exílio;
  • As relações dos músicos exilados com os universos associativos, institucionais e políticos dos países de acolhimento;
  • A influência na criação musical das interações estilísticas e linguísticas entre músicos exilados de origens diferentes e com a vida musical dos países de acolhimento;
  • Ligações entre a música no contexto do exílio e as outras artes (teatro, cinema, dança, entre outras);
  • Articulações dos músicos exilados com as várias indústrias ligadas à actividade musical (fonográfica, de espetáculos, etc.);
  • Amadorismo e profissionalismo – o estatuto do trabalho dos músicos no exílio;
  • O regresso dos músicos exilados ao seu país de origem;
  • A música nas diferentes narrativas do exílio, incluindo a noção de “exílio interior”;
  • O lugar da música na preservação da memória do exílio (associações, comemorações, iniciativas pedagógicas);
  • Os desafios colocados pela patrimonialização da memória do exílio (arquivos, centros de documentação, museus, festivais).

O colóquio terá como convidados os seguintes oradores principais:

– Anthony Seeger: antropólogo e etnomusicólogo, é Professor Emérito no Departamento de

Etnomusicologia da Universidade da Califórnia, Los Angeles (EUA). Entre 1988 e 2000, foi Diretor da Smithsonian Folkways Recordings no Smithsonian Institute. É autor de Why Suyá Sing: A Musical Anthropology of an Amazonian People (Cambridge University Press, 1987) e coeditor de Archives for the Future: Global Perspectives on Audiovisual Archives in the 21st Century (Seagull Books, 2004). O seu vasto número de publicações aborda a música e a vida social dos índios Kisedje do Brasil, a música folk norte-americana, e questões relativas aos direitos humanos e à terra das populações indígenas, à arquivística, à propriedade intelectual, ao património cultural imaterial, assim como à teoria e metodologia da etnomusicologia.

– Florian Scheding: musicólogo e historiador da cultura, atualmente Director de Educação da School of Arts da Universidade de Bristol. O seu principal campo de interesse é a relação entre música e migração, com especial enfoque no deslocamento e no exílio de músicos europeus ao longo do século XX. Tem publicado sobre música e migração nas suas múltiplas formas, abrangendo repertórios funcionais, populares e eruditos. É coeditor, juntamente com Erik Levi, do volume Music and Displacement: Diasporas, Mobilities and Dislocations in Europe and Beyond (Scarecrow Press, 2010) e autor de Musical Journeys: Performing Migration in 20th-century Music (Boydell & Brewer, 2019).

As línguas de trabalho do Congresso “Música e Exílio” serão o português, o inglês, o francês e o castelhano.

As propostas de comunicação deverão ser enviadas até ao dia 15 de Janeiro de 2026, em ficheiro word, para o endereço de email eximusconference@gmail.com com os seguintes elementos:

  • – Título da comunicação
  • – Resumo até 3.000 caracteres (incluindo espaços)
  • – Biografia abreviada até 1.500 caracteres (incluindo espaços)

A comunicação da aceitação de propostas será feita por email até ao dia 6 de Fevereiro de 2026.

Para mais informações, contactar: eximusconference@gmail.com

Comissão científica:

  • Cristina Clímaco (Université Paris 8/Vincennes Saint Denis)
  • Graça dos Santos (Université Paris Nanterre)
  • João Madeira (IHC/NOVA FCSH)
  • Manuel Deniz Silva (INET-md/NOVA FSCH)
  • Mário Vieira de Carvalho (CESEM/NOVA FCSH)
  • Miguel Cardina (CES/UC)
  • Salwa Castelo Branco (INET-md/NOVA FSCH)
  • Victor Pereira (IHC/NOVA FCSH)
  • Ricardo Andrade (INET-md/NOVA FSCH)
  • Hugo Castro (INET-md/NOVA FSCH)
  • Agnès Pellerin (INET-md/NOVA FSCH)

Comissão organizadora:

  • Agnès Pellerin (INET-md/NOVA FSCH)
  • Hugo Castro (INET-md/NOVA FCSH)
  • João Madeira (IHC/NOVA FCSH)
  • Manuel Deniz Silva (INET-md/NOVA FCSH)
  • Ricardo Andrade (INET-md/NOVA FCSH)
  • Victor Pereira (IHC/NOVA FCSH)

Este colóquio é financiado por fundos nacionais através da FCT, Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projecto EXIMUS “‘É preciso avisar toda a gente’: Música e exílio em França durante o regime do Estado Novo (1933-1974)” (DOI 2022.05129.PTDC) e INET-md, Instituto de Etnomusicologia – Centro de estudos em Música e Dança (DOI: 10.54499/UIDB/00472/2020).

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